Ultimamente, as pessoas estão preocupadas com a duração da imunização contra COVID-19. Um estudo recente em sua versão pré-impressão (que ainda não foi revisto ou publicado oficialmente) explicou que a eficácia da vacina contra COVID-19 atinge um pico após a segunda dose, mas diminui em torno de 5 meses após a vacinação [1]. Assim, após alguns meses, a capacidade da vacina de evitar hospitalização e mortes não é tão alta quanto no início da imunização*. Outras vacinas, como o tétano ou o rotavírus em crianças, também têm algum grau de diminuição de imunidade ao longo do tempo [2, 3].
No entanto, a vacina contra COVID-19 está trazendo benefícios duradouros para o sistema imunológico. Após a vacina, o número de células B de memória de longo prazo em nosso corpo continua a aumentar durante meses [4]. Portanto, mesmo que os níveis de anticorpos** diminuam, as respostas imunológicas induzidas pela vacina continuam protegendo nosso corpo (consulte nosso post e vídeo sobre o sistema imunológico para mais informações).
Considerando o desenvolvimento da doença e as descobertas recentes, algumas autoridades de saúde estão propondo o uso de uma terceira dose da vacina, bem como uma dose de reforço. Esses dois conceitos são semelhantes, mas não são idênticos: uma pessoa que não desenvolveu uma resposta imunológica completa e satisfatória nas duas primeiras doses poderia receber uma terceira dose, para que seu sistema imunológico fique preparado para combater o vírus***. Na dose de reforço, a pessoa desenvolveu uma resposta imunológica completa após a vacinação, mas sua imunidade começou a diminuir com o tempo, de modo que agora ela deve receber uma dose adicional [5,6].
Embora o uso de uma terceira dose ou dose de reforço da vacina seja recente, há algumas evidências que favorecem essa dose extra para certos grupos de pessoas. Em um estudo conduzido em Israel, aparentemente uma dose adicional da vacina Pfizer pode ser útil para diminuir a probabilidade de infecção e risco de doença grave, mas o estudo apenas analisou uma pequena janela de tempo e os resultados podem ser influenciados por outros fatores não considerados [7]. Cientistas estão trabalhando arduamente para entender mais sobre a dose de reforço e continuarão a atualizar o público. Por enquanto, o Ministério da Saúde da província de Ontário (Canadá) recomenda que as pessoas sejam adequadamente informadas dos prós e contras da vacinação, incluindo o risco de pericardite e miocardite, entre outros. Tanto o Ministério da Saúde de Ontário (Canadá) quanto o CDC (EUA) estão aceitando o uso de uma terceira dose para pessoas moderadamente ou severamente imunocomprometidas, bem como para indivíduos idosos vulneráveis em ambientes de alto risco [6, 8]. Idealmente, se sua primeira e segunda dose foram Pfizer ou Moderna, você deveria receber a mesma vacina para sua terceira dose. Se sua primeira e segunda doses foram a vacina da AstraZeneca e você não tiver contraindicações a receber uma vacina de mRNA, você deveria receber a vacina Pfizer ou Moderna como terceira dose [8]. Com relação à vacina Janssen, ainda não há dados suficientes. É possível que as pessoas que receberam a vacina Janssen precisem tomar novamente a mesma vacina, mas isso ainda não está claro [6]. Aqueles que não estão seguros em receber uma terceira dose ou uma dose de reforço devem entrar em contato com seu médico ou profissional de saúde. Dependendo das políticas governamentais e de imigração, alguns indivíduos podem precisar tomar uma dose adicional de alguma vacina específica para que sua vacinação seja totalmente reconhecida pelo país para onde estão indo.
Para algumas pessoas, a dose adicional de vacina traz à tona sentimentos conflitantes. Queremos que a pandemia acabe e ainda há passos a serem dados antes de retornar a uma vida normal. Algumas pessoas questionam o uso das vacinas e a necessidade de doses de reforço. Embora estas preocupações sejam compreensíveis, a necessidade de aplicação de uma dose de reforço não significa que as vacinas contra COVID-19 falharam. Na verdade, as vacinas continuam a ser armas muito eficazes. Como muitas armas e ferramentas, elas precisam ser "recarregadas" de vez em quando. É importante observar que receber o cronograma completo de vacinação da COVID-19 está ajudando a proteger nosso corpo (veja nosso post sobre a eficácia das vacinas contra as variantes da COVID-19). Portanto, mesmo deixando de lado o debate sobre a dose de reforço, ter as duas primeiras doses já é uma maneira muito eficaz de cuidar de nós mesmos e das pessoas ao nosso redor.
*Imunidade - uma memória estabelecida que proporciona uma resposta rápida no nosso corpo contra infecções por patógenos ou moléculas estranhas. Quando combatemos e sobrevivemos a uma infecção, normalmente desenvolvemos resistência contra o organismo ou molécula que causou a infecção. As vacinas treinam nossos corpos para desenvolver imunidade contra patógenos, sem a necessidade de sermos infectados por eles para gerar essa resposta.
**Anticorpo - uma molécula produzida por células imunes que reconhece e se liga a outra molécula que é estranha ao organismo (o antígeno). Ao ligar-se ao antígeno, o anticorpo pode marcar a molécula estranha para destruição ou neutralizá-la diretamente.
***Vírus - é um agregado de moléculas mais simples do que uma célula. Eles podem ser encontrados no meio-ambiente ou dentro de organismos vivos. Eles têm que infectar uma célula e usá-la para se multiplicarem, já que não podem se multiplicar por si mesmos. Os vírus consistem de ácidos nucléicos (DNA ou RNA), uma cápsula de proteína que contém esses ácidos nucléicos e, às vezes, um envelope externo de lipídios. A gripe, o sarampo, a AIDS e a Covid-19, por exemplo, são causadas por vírus.
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Escrito por: Nicole
Editado por: María e Natasha
Traduzido por: Alex
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Referências (em inglês):
Andrews, N., et al. Vaccine effectiveness and duration of protection of Comirnaty, Vaxzevria and Spikevax against mild and severe COVID-19 in the UK. Preprint not certified by peer review. (2021). Available at: https://khub.net/documents/135939561/338928724/Vaccine+effectiveness+and+duration+of+protection+of+covid+vaccines+against+mild+and+severe+COVID-19+in+the+UK.pdf/10dcd99c-0441-0403-dfd8-11ba2c6f5801
Domenech de Cellès, M., Rohani, P. & King, A. Duration of Immunity and Effectiveness of Diphtheria-Tetanus–Acellular Pertussis Vaccines in Children. JAMA Pediatrics 173, 588 (2019). Available at: https://jamanetwork.com/journals/jamapediatrics/fullarticle/2731128
Lopman, B. & Pitzer, V. Waxing Understanding of Waning Immunity. The Journal of Infectious Diseases 217, 851-853 (2018). Available at: https://academic.oup.com/jid/article/217/6/851/4833004
Goel, R. et al. mRNA Vaccination Induces Durable Immune Memory to SARS-CoV-2 with Continued Evolution to Variants of Concern. (2021). Available at: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2021.08.23.457229v1
Booster Shots and Third Doses for COVID-19 Vaccines: What You Need to Know. (2021). Available at: https://www.hopkinsmedicine.org/health/conditions-and-diseases/coronavirus/booster-shots-and-third-doses-for-covid19-vaccines-what-you-need-to-know (Accessed: 30th September 2021)
COVID-19 Vaccination. Centers for Disease Control and Prevention (2021). Available at: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/vaccines/booster-shot.html (Accessed: 30th September 2021)
Bar-On, Y. et al. Protection of BNT162b2 Vaccine Booster against Covid-19 in Israel. New England Journal of Medicine (2021). Available at: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2114255
Health.gov.on.ca (2021). Available at: https://health.gov.on.ca/en/pro/programs/publichealth/coronavirus/docs/vaccine/COVID-19_vaccine_third_dose_recommendations.pdf (Accessed: 30th September 2021)
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